quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Desabafos metafóricos.

Se a morte é um fato maior talvez que a própria vida, então, seria hipocrisia quando, por exemplo, alguém descobre uma estimativa de quando vai partir e começa a se torturar por isso? Sendo que todos nós sabemos que um dia iremos morrer mesmo. Sabemos que tudo um dia tem um fim.
Talvez possamos aproveitar melhor cada segundo, melhor do que se não soubéssemos, já que sabendo que tem data de validade, fica mais consistente, mais real, mais próximo mesmo que a data esteja longe, você pode apalpar o fim, você tem a consciência de que é um fato, mas... Você não pode fingir que nunca vai acontecer, criar uma fantasia, como a maioria das pessoas. Você não tem mais forçar ou esperanças de fazer planos, pra que? 
Para que continuarmos vivendo? 
Para morrer?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Não tem você para dizer 'imagine que não tem ninguém la fora, estamos só nós dois aqui' e que o mundo era só nosso.
Estou debaixo das cobertas tentando criar o meu mundo, mas só consigo me sentir no nosso, e você não está nele. Aqui debaixo esperando que quando eu o tirar da cabeça eu acorde do pesadelo e que tudo esteja normal, como antes.
Pra não perder a viagem, fiquei vagando nele por muito tempo, como uma alma que não consegue permissão para descansar em paz. Acabei me deparando com lugares e lembranças que estava evitando a muito tempo. Que vitória não ter chorado até então, mas o mundo é meu hoje, e vou me permitir sentir. Via um filme de tudo, sendo telespectadora de uma cena em que eu mesma fui a atriz principal. Entre tantas histórias passando, um me fez parar; alguém reclamando de quando ela comia cebola, mas não 'resestia' ao seu beijo mesmo assim, uma louca correndo nua na grama enquanto chovia, e ele olhava encantado achando aquilo a coisa mais pura do mundo, com um sorrisinho no canto do rosto, e ela o abraçava não sem antes acontecer uma pequena luta física, e depois tinham que lutar para pararem de se abraçar. Eles programavam milhares de coisas para no fim ficarem assistindo algo, ou tentando, tudo sempre acabava em... e ao fim de tudo o que ela mais gostava era admirar coisas incomuns; o nariz torto, a pintinha perto da boca que ela sempre dizia ser sua, a boca avermelhada, a respiração ofegante, as costas arranhadas. Ele abria os olhos e ela estava olhando, ele sorria, 'oi', e logo ela sentia suas mãos quentes em suas costas, e a cada centímetro do seu corpo que encostava no dele, era um pequeno choque elétrico, ela se olhava no espelho e se sentia tão bonita... Cada 'upa' no final de cada briga, cada manha, cada manhã, cada madrugada, ela na sacada esperando com o coração descompassado, como se tudo que fosse acontecer depois fosse inesperado e inédito, mesmo sendo um filme que ela sabia do início ou fim, de cor, era como se fosse sempre a primeira vez que ela o assistia. O primeiro cheiro do sábado, a primeira peça de roupa tirada, a cada música cantada ou pé do ouvido. Cartas indecifráveis, sem palavras complexas e com vários erros de ortografia, mas para ela eram as frases mais lindas que ela já tinha lido em toda sua vida, e olha que ela já tinha lido muitas coisas. A toalha no chão, as estrelas no céu, eles no meio. Nem viram o zepellin que passou, só escutaram o zeppelin que tocou, pois estavam de olhos fechados. Os programas de índio em meio ao ócio, ela sempre o puxava para longe da cidade, e qualquer pedaço de cerrado já era suficiente, e mesmo cansado ele a mimava. A história começou a ficar entediante. Fiquei retornando o filme apenas nas partes interessantes mas uma hora isso não satisfaz mais, queria cenas novas, mas os atores estavam cansados e não havia mais sintonia. Decidi pausar o filme, procurar outro mais animado, chega de romances. Volta e meia eu volto para assistir as melhores partes, mas isso não me satisfaz. Me dói quando filmes bons terminam, sem contar aquele sentimento de querer aquela história pra nossa vida, quem nunca quis um romance de cinema? 
Ah, sim, aquele roteiro é meu. 
Tenho muitos escritos aqui, e ainda escrevo vários, o ator disse que poderíamos gravar uma continuação, mas acredito que o preço que ele vai em cobrar vai ser alto. Enquanto isso eu fico aqui reprisando num ciclo sem fim, já que não posso gravar um filme novo, me contento assistindo, assistindo, revendo, relembrando o antigo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

missu

É aquela coisa, tão eterna mas ao mesmo tempo tão fugaz. Ela tem sido confundida e hoje em dia qualquer colega ou aquela pessoa que bebeu um fim de semana com você já é amiga, e pior ainda, a melhor amizade. Talvez por isso ela acaba sendo tão frágil ultimamente, pois está se banalizando assim como o 'eu te amo', mas a amizade não é daquela 'vem rápido e vai embora rápido', já que amizade dificilmente é um processo, ela sim é a primeira vista, e não o amor. Ela realmente pode durar anos, ser firme. E para mim, toda amizade é eterna, por mais que o outro lado esteja longe, ou atravesse a calçada pra evitar de me dar oi, mas as lembranças e as fotos são eternas, e não me deixam esquecer. 
Sempre sofro com o fim de uma amizade, o que me deixa encabulada, já que deveria funcionar como uma vacina, cada decepção deveria agir como uma barreira, um anticorpos, mas para mim é ao contrário; cada queda machuca mais, como uma fruta que vai ficando cada vez mais despedaçada ao cair no chão. E a pergunta PORQUE? porque, porqueeeeeeeee? não para de gritar em nossa cabeça, o que eu fiz? e se eu tivesse dado mais atenção, engolido mais sapos? Mas você sabe no fundo que já fez tudo que podia, e até o que não devia, engoliu tanta coisa que está quase sufocando. A amizade dificilmente é recíproca, ambos sempre acham que fazem de tudo e não recebem na mesma intensidade. Mas como toda regra tem sua exceção, cada humano deve ser digno de pelo menos uma vez em sua vida achar um amigo que lhe caia bem. Uma amizade madura, que deixa passar as coisas bobas, com uma conversa aberta apenas entre eles mas fechada para o resto do mundo, o que é falado dali não sai! Então, a vida da um jeito de tirar essa pessoa de perto de você, ela não se afasta como as outras, não é sem motivo aparente, não é por que ela simplesmente quis, mas é de uma hora pra outra... ela precisa. Não sei o que dói mais; saber que foi por vontade própria o afastamento, ver sempre aquela pessoa com a qual você tinha tanta intimidade e não poder dar um abraço, cuidar, ajudar... Ou, as duas quererem estar perto, ajudando, dando um abraço, mas não poderem!



Amizade é a flor que foge do 'colhe o que planta', o fruto dela é a saudade...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O infinito foi pro abismo...

- Quando eu era criança, queria ser uma super-heroína. Teria o poder de ler mentes e ser invisível! Imagine só, eu poderia entrar no mercado e pegar quantos doces e salgadinhos eu quisesse!
- Bem, mas ai você seria a vilã da história... 
- Ser vilã não tem graça, acho que elas nem tem poder... Vilã tem poder? De qualquer jeito a mocinha vai sempre me vencer.
...Não vai?
- Vilã tem poder sim, ah se tem... e o bem não vence nada não.
***

- Não quero mais poder. Hoje grito, rolo e faço de tudo para que me vejam. Mas meu desejo de ser invisível infelizmente foi atendido. Não sei ler mentes, ainda bem, já que só de imaginar o que se passa por dentro de algumas me decepciono. 
Queria mesmo é uma heroína.
Uma boa dose.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poemas guardados (não mais)

Para quer complicar, era só eu chamar
Vem pra cá!
Esse seu beijo doce, abraço quente
Manda embora o orgulho
Que não quer bem à ninguém
Só faz bem pro ego
Que de tanto ser ferido está cego
E precisa do orgulho pra se animar
Mas não quero mar agitado
Quero mar de maré baixa
E você é minha lua nova.

Rabiscos antigos digitalizados.

Uma parte de mim diz que estamos perdendo tempo, e me aconselha sair correndo, abraçar, gritar;
-Chega mais pra perto, de onde nunca devia ter saido.
Mas outra parte me diz que precisamos de um tempo, é.
Tempo para o coração se conflitar com a mente, tempo para observar os pensamentos aflitos.
Se tudo fosse somente sol... que coisa mais amena. Não quero tudo sempre igual. Se para ter um céu colorido por 7 tons é necessário tempestade, então ela que venha! Nem que nós a façamos em um copo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mais uma carta para a gaveta das que nunca serão entregues.



'Porque depois de tanta festa, muita zona e muita
bebedeira
Todo o brilho, glamour e moda
Todo o pandemônio e a loucura
Chega uma hora que tudo fica cinzento
E você fica olhando para o telefone no seu colo
Você espera, mas as pessoas nunca ligam de volta
É assim que a história se desenrola
Podemos fingir que os aviões na escuridão da noite
são como estrelas cadentes.'




Todas as coisas que diziam a nossa música; 'nós nunca estaremos em mundos separados', 'quando o sol brilhar nós brilharemos juntas', 'as pequenas coisas nunca estarão entre nós'... hoje me parecem tão vagas, momentâneas. 
Mas em meio dessas frases vazias, há uma jura de que seria tua amiga para sempre, e mesmo que eu não queira, eu sempre cumpro o que prometo.
Todos me perguntavam como eu conseguia estar ao teu lado por tanto tempo, que não temos nada em comum. Pobre deles, não tem a paciência para suportar defeitos, nunca conhecerão as qualidades mais profundas, escondidas. E quanta paciência eu tive, perseverança. 
É difícil se desprender de uma amizade tão antiga, por isso eu tentei não deixar todo esse tempo ter ido em vão, mas só joguei mais dele fora. 
A quase um ano atrás, eu deixei todo o orgulho que não tenho de lado. Tentei juntar todas nossas memórias, daquelas que congelamos num pedaço de papel, porém, são tantas, que não caberiam em um pedaço de metal. É, você não estava la, mas foi melhor... quando chegasse de mais uma festa superficial veria um presente tão intimista, pensei eu, todo aquele brilho, mesmo que tão glamouroso, cansa e é fútil, e esse presente, mesmo que tão simples, é verdadeiro.
Mas eu me enganei, são poucos os que veem o verdadeiro sentimento das coisas, são poucos os que não vivem para imagem, mas não lembram que quando morrerem não precisarão estar bonitos em seus caixões se não tiver ninguém para ir vê-los.
Me perguntava 'aonde eu errei?', sofrendo inutilmente por uma perca que nunca aceitei. Já achei meu erro, e dizem que consequentemente a aceitação viria. Mas ainda não veio...
Não fui a amiga que você queria ter. 
Não tenho os melhores sapatos, roupas e acessórios no meu guarda roupa, na verdade, nem os piores. Não posso ficar após as 23:00 fora de casa, portanto, não vou as festas mais badaladas. 
Não tenho um cabelo invejável (ele está BEM longe disso), nem um lustre pendurado no umbigo, ou lustres para perdurar na orelha. Não me maquio como uma palhaça, escondendo toda pouca beleza real que tenho. Não tenho o que mais parece uma espinha brilhante e inflamada no nariz, não ganho dinheiro a hora que eu quero de papai e mamãe, não deformo meu rosto com sorrisos para estar na roda dos mais populares, e inúteis. Não escuto uma música por seu ritmo ou por que todos a escutam, e sim por sua letra ou pelo o que ela me faz sentir.  
É, me desculpe por tantos erros.
Talvez um dia eu vire uma alienada, e terei muitos amigos.
Mas enquanto isso, eu quero ser eu, e continuar com poucos, bons, e verdadeiros.
Você vai estar sempre nessa lista, mas não estou mais na tua, faz tempo...




Mais jóias para sua caixa de ouro, menos ideias para sua massa cinzenta.